A Embrapa Algodão, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apresentou um balanço das ações realizadas em 2011 para jornalistas da Paraíba, nesta terça-feira, 20, na sua sede em Campina Grande (PB). Na ocasião, o chefe-geral, Napoleão Beltrão, anunciou que a Unidade fecha o ano com um total de 54 projetos em andamento, sendo 28 de Macroprogramas da própria Embrapa e 26 de captação externa, com uma arrecadação indireta de aproximadamente R$ 6 milhões.

Uma das principais realizações da Unidade neste ano foi o lançamento de duas cultivares de algodão com resistência múltipla a doenças, alta qualidade de fibra, ciclo curto e porte baixo para atender aos produtores do Cerrado. Também foram conduzidos importantes estudos na área de plantio direto, resistência do algodoeiro a insetos e ao estresse hídrico.

Outro destaque de 2011 foram as pesquisas por inseticidas alternativos como os bioinseticidas. Estudos conduzidos por pesquisadores da Embrapa Algodão têm demonstrado que o caolim (um pó de rocha de cor branca, composto por silicato de alumínio) exerce um efeito controlador sobre a principal praga dessa cultura, o bicudo. O caolim tem sido usado especialmente nos plantios de algodão agroecológico.

A consolidação do sistema de produção do algodão agroecológico na região Nordeste também foi outra linha de pesquisa prioritária para a Unidade. Em 2011, a Embrapa Algodão deu continuidade à parceria com o Projeto Dom Helder Câmara no projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, que conta com mais de 500 famílias cadastradas nos territórios do Cariri Paraibano (PB), Sertão do Apodi (RN), Sertão do Pajeú e Sertão do Araripe (PE), Sertão Central e Sertão dos Inhamuns (CE). O projeto vem trabalhando toda a cadeia produtiva do algodão, ensinando ao agricultor desde o modo correto de cultivar a terra até a certificação e a comercialização da pluma.

Pensando ainda nos pequenos produtores de algodão da região semiárida, a Embrapa Algodão desenvolveu a miniusina itinerante, composta por um descaroçador móvel de 20 serras para beneficiar a pluma de algodão com desempenho similar ao das máquinas de 50 e 90 serras, mantendo todas as características tecnológicas de fibra.

As pesquisas sobre a qualidade da fibra do algodão serão beneficiadas com a aquisição do High Volume Instrument (HVI), em fase de implantação, no Laboratório de Análises de Fibras e Fios. O equipamento mede com precisão e rapidez as propriedades físicas do algodão, como comprimento, resistência, alongamento, cor e conteúdo de impurezas da fibra.

Na cultura do amendoim foram desenvolvidos estudos para avaliar a resistência da cultivar BR1 ao estresse salino, demonstrando que o crescimento do sistema radicular e a estabilidade dos pigmentos fotossintéticos são as principais variáveis que conferem tolerância à salinidade.

Para a cultura da mamona os pesquisadores da Embrapa Algodão têm gerado conhecimentos sobre nutrição e adubação orgânica utilizando torta de mamona e compostos de lixo orgânico. Também foram desenvolvidos protocolos para a determinação da resistência da mamona aos fungos Amphobotrys ricini e Fusarium oxysporum f.sp. ricini.

Com o objetivo de avaliar os impactos do aquecimento global no desenvolvimento das plantas e selecionar linhagens mais resistentes às altas temperaturas, pesquisadores da Embrapa Algodão, juntamente com estudantes de pós-graduação de universidades locais, realizaram experimentos simulando condições atmosféricas que podem acontecer futuramente na Terra. Os estudos foram conduzidos no fitotron - uma câmara de crescimento que controla os níveis de gás carbônico (CO2), luz, água, umidade relativa do ar e da temperatura – com temperaturas de até 42 °C e elevados níveis de CO2.  Entre as culturas avaliadas na pesquisa estão o algodão, a mamona e o amendoim.

Transferência de Tecnologia

Para realizar a transferência das tecnologias pesquisadas pela Empresa foram promovidos ao longo deste ano um total de 26 dias de campo, 51 cursos e 60 palestras, além da participação em eventos, beneficiando mais de 190 mil participantes, entre produtores, técnicos, estudantes, ONGs e parceiros. Entre os eventos de maior relevância em 2011, destaca-se 8º Congresso Brasileiro do Algodão, realizado em setembro, em São Paulo-SP, com a coordenação científica da Embrapa Algodão.

No âmbito internacional, os pesquisadores da Embrapa Algodão participaram de diversas missões na África para coordenar as ações do projeto Cotton-4, que vem sendo realizado em Benin, Burkina Faso, Chade e Mali com o objetivo de promover o desenvolvimento do setor algodoeiro nesses países.

Em 2011, a Embrapa Algodão também deu início a uma série de investimentos em reformas na sua infraestrutura física para que irão beneficiar o desenvolvimento das suas pesquisas e o atendimento ao público, tais como: novas instalações da Biblioteca, reforma do Laboratório de Entomologia e de prédios da pesquisa.

Ao final do ano, a Embrapa Algodão também liderou outro passo decisivo para o sucesso do algodão colorido na Paraíba com a criação do Comitê Gestor do algodão colorido, que terá o papel de organizar a cadeia produtiva buscando o fortalecimento e valorização do produto. O comitê é composto por 14 integrantes de setores comprometidos com o produto incluindo representantes da Embrapa, Associação Brasileira da Indústria Têxtil, Natural Cotton Color, Banco do Nordeste, Senai, Cinep, Associação da Indústria do Vestuário da Paraíba, Sebrae, Fiação Evest, Cooperativa Agrícola Mista de Patos, Superintendência Federal de Agricultura, além de mais três representantes para o setor de bolsas, acessórios e artesanato.

Metas para 2012

Entre as metas anunciadas para o próximo ano estão o lançamento de uma nova cultivar de mamona com maior produtividade e teor de óleo e outra de gergelim para o Cerrado, adaptada para a colheita mecânica. A Unidade também dará seguimento aos projetos sobre os impactos do aquecimento global no metabolismo das plantas e ao refinamento dos sistemas de produção do algodão irrigado no Nordeste, com a sucessão de culturas. Em 2012 também terá início uma nova turma do mestrado em Ciências Agrárias UEPB/Embrapa Algodão.


Edna Santos - (MTB-CE 01700 JP)
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