Há cerca de três anos os pequenos agricultores do
Semiárido nordestino vêm experimentando um novo
jeito de
plantar. Além dos tradicionais milho, feijão e
mandioca,
usados para o consumo familiar, as suas
plantações agora
também contam com outras culturas, como algodão,
gergelim, amendoim, cebolinha, batata-doce, coentro, melancia, sorgo,
girassol, entre outras, que lhes garantem uma renda extra no fim da
colheita. A prática, que vem sendo incentivada pela Embrapa
Algodão (Campina Grande, PB), é conhecida como
plantio em
consórcios agroecológicos.
O sistema de cultivo em consórcio consiste no plantio de
diversas culturas, distribuídas em faixas, num mesmo local.
“Uma das vantagens desse sistema é a
redução
de problemas com pragas, o que permite que os agricultores possam ter
plantações orgânicas, sem
aplicações
de agrotóxicos”, explica o pesquisador da Embrapa
Algodão e coordenador do projeto Algodão em
Consórcios Agroecológicos, Fábio
Aquino de
Albuquerque.
Ele aconselha que para cada cinco faixas de algodão sejam
plantadas cinco faixas de outras culturas. “Quanto mais
diversificado for o consórcio, melhor para o controle de
pragas,
pois ele aumenta a biodiversidade fazendo com que essas pragas sejam
controladas pelos seus inimigos naturais, mantendo o
equilíbrio
do ecossistema”, orienta.
Além de não agredir o meio ambiente, os produtos
orgânicos são mais saudáveis para o
agricultor e
para o consumidor, e por isso chegam a ser vendidos até pelo
dobro do valor dos produtos convencionais.
Atualmente, cerca de mil agricultores familiares trabalham em sistemas
de consórcios agroecológicos nos estados da
Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.
A
área plantada é de aproximadamente 500 hectares,
com
produtividade média de 200 quilos de algodão por
consórcio, além das culturas alimentares.
Bioinseticidas
nas pragas
Desde 2009, quando adotou o sistema de consórcio
agroecológico, o agricultor Pedro Elias dos Santos, do
município de Arara (PB), só utiliza materiais
orgânicos para controlar as pragas do seu roçado.
“A
gente usa o nim, manipueira (líquido extraído da
mandioca), folha de maniçoba e cal”, afirma.
Mesmo com a produtividade prejudicada pela falta de chuvas na
região, ele disse estar satisfeito com os resultados.
“Em
2010 teve pouca chuva, então eu tirei uns 500 reais nesse
roçado, fora os 500 quilos de algodão em rama,
mas em
2011 vai ser bem melhor, se Deus quiser”, planeja.
Além de
vender a pluma do algodão Pedro, fica com as sementes para
alimentar os animais e para o próximo plantio.
Consórcio
Agroecológico
Coordenado pelo Projeto Dom Helder Câmara desde 2008, em
parceria
com a Embrapa Algodão, o projeto Algodão em
Consórcio Agroecológico trabalha toda a cadeia
produtiva
do algodão, ensinando ao agricultor desde o modo correto de
cultivar a terra até a comercialização
da pluma.
Os produtos orgânicos passam pelo processo de
certificação para que possam ser comercializados
no
chamado comércio justo. Assim, além de manter a
sua
segurança alimentar, o agricultor é bonificado
com um
preço diferenciado, pois negocia diretamente com os
empresários, excluindo a função do
atravessador.
Edna Santos - (MTB-CE 01700 JP)
Contato: (83) 3182.4312
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