O quadro atual é desalentador e preocupante: quase 72% dos
solos
agricultáveis na Paraíba estão em
estado de
desertificação. Para tentar reverter a
situação, a Embrapa Algodão e a
Superintendência Federal da Agricultura, Pecuária
e
Abastecimento no Estado (SFA-PB), através de sua
Divisão
de Política, Produção e
Desenvolvimento
Agropecuário (DPDAG), pretende agora mobilizar os produtores
paraibanos.
Segundo Adalberto Soares,engenheiro agrônomo, lotado no DPDAG
da
SFA-PB e um dos participantes do curso “Uso, manejo e
conservação do solo e da água, com
ênfase no
controle da desertificação no
semi-árido
brasileiro”, ocorrido entre os dias 14 e 16, nos
municípios de Campina Grande e Lagoa Seca (PB), a
preocupação com questão dos solos foi
reacendida
em meio aos 30 técnicos da Emater- PB que
participaram do
curso.
“Agora queremos dar continuidade a esse tipo de
conscientização junto aos produtores”,
diz Soares.
Ele ressalta que a falta de conhecimento de práticas de
conservação de solos por parte da maioria de
produtores
rurais no cultivo de culturas anuais como milho, feijão e
plantas perenes como pomares em terrenos com declividades acentuadas,
uso de agrotóxicos e implementos agrícolas
inadequados
são fatores, dentre outros, que mais contribuem para os
processos de degradação dos solos na
Paraíba,
aliados ao manejo incorreto da pecuária extensiva.
Soares diz que não há
solução em curto
prazo. “É preciso conscientizar os
produtores”. A
situação da maioria dos solos na
Paraíba foi
classificada pelo Ministério do Meio Ambiente, quanto aos
riscos
de desertificação, como grave (14,76%) ou muito
grave
(57,06%). O curso da semana passada teve como objetivo capacitar
profissionais de Assistência Técnica e
Extensão
Rural para atuar na difusão de tecnologias e de sistemas
produtivos sustentáveis voltados para a
recuperação de áreas degradadas e sua
reincorporação ao processo produtivo, reduzindo
os
impactos ambientais.
Foram capacitados cerca de 40 técnicos, incluindo o pessoal
da
Emater-PB, que atuarão como multiplicadores das
práticas
de conservação do solo junto aos agricultores
paraibanos. “Tendo em vista a gravidade das
condições dos solos da Paraíba, a
nossa ideia
é levar as ações práticas
do curso a todas
as regiões do Estado”, afirma o pesquisador Odilon
Reny
Ribeiro, chefe de Comunicação e
Negócios da
Embrapa Algodão e um dos coordenadores do curso.
Reny informa que , além do curso, devem ser capacitados, nos
próximos meses, cerca de 120 produtores. Os
técnicos da
Embrapa e da SFA-PB pretendem elaborar um manual técnico de
boas
práticas de manejo e conservação de
solo e
água.
Durante o evento foram abordados assuntos como o plano de
ação nacional de controle da
desertificação
e diagnóstico socioeconômico e ambiental dos
núcleos de desertificação;
Importância do
uso de práticas conservacionistas de solo e de
água para
o desenvolvimento sustentável na agropecuária;
Composição, origem e
formação do solo;
Causas do desgaste e empobrecimento do solo; Erosão;
Conservação e melhoramento do solo e
práticas de
controle da erosão (nivelamento, plantio em
nível, faixas
de retenção, terraceamento) e Controle de
voçorocas.
Em Lagoa Seca, no campo experimental da Emepa-PB, foi feito um
exercício prático de diagnóstico do
perfil do
solo. Os participantes também conheceram aspectos da
relação solo-paisagem, além do
planejamento do uso
e a instalação de práticas
conservacionistas com
culturas anuais e perenes.
O curso foi promovido pela SFA-PB e pela Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e pela Embrapa
Algodão e Embrapa Solos, com o apoio do Instituto
Interamericano
de Cooperação para a Agricultura
(IICA), do
Instituto Nacional do Semi-árido (INSA) e da
Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural da
Paraíba (Emater/PB).
Solos da
Paraíba
A atividade agropecuária concentra-se basicamente na Zona
Semi-árida do Estado da Paraíba, onde
estão 80% do
rebanhos de suínos, ovinos, caprinos e asininos; 67% do
rebanho
bovino; 78% da produção de leite; 90% do
algodão;
80% do feijão; e 75% da produção de
sisal. Nessas
áreas, tem-se verificado um processo acelerado de
degradação, principalmente, nas
microrregiões do
Curimataú Ocidental, Cariri Oriental e Cariri Ocidental,
Seridó e Sertão. Na região do Brejo
Paraibano, a
expansão do cultivo da cana-de-açúcar
e da
pecuária extensiva tem acelerado o processo erosivo,
aumentando
a evaporação, provocando
alterações
climáticas conhecidas como
“agrestização” do Brejo e
assoreamento das
várzeas. Nas Mesorregiões do Agreste da Borborema
e do
Sertão, verifica-se um processo de erosão dos
solos
utilizados na agricultura irrigada.
Redação:
Dalmo Oliveira (MTB-PB 0598) e Edna Santos (MTB-CE, 01700 JP)
Com informações de Adalberto Soares.
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