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Algodão em consórcio é alternativa para manejo integrado de pragas de forma sustentável no Nordeste


Estima-se que cerca de 50% da produção de algodão no Nordeste vem sendo obtida em consórcio com outras culturas, principalmente com milho e feijão. Essas culturas consorciadas com algodão são destinadas à  subsistência  do agricultor familiar, enquanto o algodão é direcionado ao mercado, sendo responsável pela geração de renda desses pequenos produtores. Os pesquisadores da Embrapa Algodão (Campina Grande/PB), por meio de diversos projetos, incentivam essa prática como alternativa para o controle de pragas visando consolidar a produção de algodão colorido dentro de um sistema de cultivo orgânico de maneira rentável e sustentável.

Segundo os entomologistas da Unidade, os sistemas de cultivo em consórcio, também conhecidos como cultivo em faixas ou policultura, aumentam a biodiversidade do agroecossistema, tornando o ecossistema mais estável e reduzindo o problema de pragas em comparação com o sistema de monocultivo. “Sistemas naturais estáveis são tipicamente diversos, constituídos de diferentes tipos de plantas, artrópodos, animais, pássaros e microorganismos. Nesses sistemas, raramente ocorre crescimento populacional de pragas porque os seus inimigos naturais mantêm as suas populações em níveis de equilíbrio”, afirma o pesquisador Francisco de Sousa Ramalho.

Entre as razões apontadas pelos entomologistas para a redução do número de pragas no cultivo em consórcio estão o aumento do número de inimigos naturais devido a presença contínua de fonte de alimento (presa, hospedeiro, néctar, pólen, etc) e um habitat favorável. Além disso, os insetos-praga que se alimentam de uma única espécie de planta têm uma menor disponibilidade de alimento em um sistema diversificado de cultivo, afetando negativamente a sua reprodução.

“O sistema de policultura interfere diretamente no comportamento dos insetos-praga, reduzindo a sua capacidade de localizar e reconhecer as suas plantas hospedeiras, por exemplo, trípes e mosca branca são atraídas pelo verde de sua planta hospedeira, com o background marrom (solo), não localizando plantas verdes que apresentem o background também verde”, explica Ramalho.

Algodão colorido em consórcio com erva-doce
Conforme o pesquisador, outra cultura que poderá ser incorporada no sistema de cultivo do algodão, tornando-o diversificado, ecológico e economicamente sustentável é a da erva-doce, Foeniculum vulgari L. (Umbelliferae), permitindo ao produtor uma maior participação no mercado de produtos industrializados.

Por isso, os pesquisadores da Embrapa Algodão, em parceria com o Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba - CCA/UFPB estão desenvolvendo o projeto “Otimização de um Sistema de Produção de Algodão com Fibra Colorida Consorciado com Erva-doce de Forma Sustentável e Rentável”. “Estamos buscando desenvolver tecnologias de produção, controle de qualidade de produto e controle de pragas de algodão com fibra colorida consorciado com erva-doce para produtores de baixa renda, de modo a produzir um avanço significativo, a curto, médio e longo prazo, rumo a um sistema sustentável, garantindo qualidade e competitividade ao agronegócio nordestino”, declara.

Ele relata que no final da década de 1980, o Governo do Estado da Paraíba desenvolveu um programa visando o incremento da área plantada com erva-doce, atingindo uma área plantada de mil hectares. Entretanto, com o aumento da área plantada, começaram a ocorrer problemas causados por insetos-praga, provocando significativos danos e reduzindo a produtividade dessa cultura, o que contribuiu para que vários produtores desistissem de continuar a explorar essa cultura.

“Um dos principais problemas da cultura de erva-doce é o pulgão Hyadaphis foeniculi (Passerini), o qual foi responsável pela redução de 70% da área plantada de erva-doce no Nordeste do Brasil”, informa. Com o projeto, os pesquisadores da Unidade acreditam que a região Nordeste poderá ser um grande centro de produção de algodão colorido e de erva-doce.
   
Erva-doce
A erva-doce tem largo uso tanto na fitoterapia quanto como condimento. Na região Nordeste é cultivada por pequenos produtores, em consórcio com algodão anual e feijão, sendo a colheita realizada no período de setembro a fevereiro.

O grão da erva-doce é rico em celulose, substância muito importante para o bom funcionamento dos intestinos. Além disso contém cálcio, fósforo e vitaminas do complexo B, principalmente niacina. Cem gramas de erva-doce fornecem 17 calorias.

Após a colheita das sementes, é feita a poda, sendo toda a parte vegetativa (folhas, ramos, etc) utilizada para extração de óleo essencial.  Este óleo tem um grande mercado e com expansão crescente em marketing da arometria. A demanda por sabonetes e produtos de banho com óleo essencial de erva-doce vem crescendo e se diversificando, graças ao investimento feito pelas empresas no setor de cosméticos naturais e aromáticos. Outros usos com o óleo essencial da erva-doce têm sido desenvolvidos, como o controle de fungos sobre frutos a serem comercializados.


Edna Santos - (MTB-CE 01700 JP)
Colaboração: Mayara Dantas
Contato: (83) 3182.4312
sac@cnpa.embrapa.br
www.cnpa.embrapa.br
http://twitter.com/embrapa_algodao