O agrônomo Liv Soares Severino, pesquisador da Embrapa
Algodão, está vivendo uma experiência
pessoal que
se tornou corriqueira nesta empresa com larga
tradição em
fomentar a capacitação de seu corpo
técnico nas
melhores universidades e institutos do mundo. Ele já
está
com experimento plantado num campo da Texas Tech University, localizada
na cidade de Lubbock, nos Estados Unidos, cujo objetivo é
estudar as adaptações que a mamoneira realiza
para
produzir com baixa disponibilidade de água.
"Estes resultados nos ajudarão entender como a mamoneira
convive
com a seca e desenvolver cultivares e sistemas de
produção mais adaptados a esta
condição.
Esta é uma região muito boa para realizar este
tipo de
estudo, pois além de uma excelente estrutura de pesquisa,
tem um
clima muito adverso, com temperaturas frequentemente atingindo 40
°C durante o dia, umidade do ar menor que 30%, sol forte e
pouca
chuva”, narra o fitotecnista em seu primeiro
relatório
informal.
Liv informa que a mamona ainda é uma cultura nova naquela
região, mesmo tendo sido cultivada em extensões
maiores
há 30 anos. “A promoção da
mamona
está retornando ao Texas, tendo forte incentivo da
indústria química que consome muito
óleo de
mamona, mas está insatisfeita com a instabilidade dos
preços desta matéria prima fornecida basicamente
pela
Índia”, diz Soares.
Ele informa ainda que um dos entraves ao aumento da
produção tem sido a
oposição dos
plantadores de milho, sorgo e amendoim que temem a
contaminação acidental de seus produtos com
sementes
mamona. “Isto pode causar problemas na
percepção
dos consumidores locais com medo de intoxicação.
Eles
também consideram fortemente a mamona como
opção
para biodiesel”, comenta.
O pesquisador brasileiro está sendo orientado por Dick Auld,
melhorista da Texas University, especialista nas culturas de
algodão, mamona e cártamo. “Esta
região,
onde Lubbock está localizada, é extremamente
agrícola, principalmente com o cultivo de
algodão, milho
e amendoim e ainda criação de bovinos”,
informa o
pesquisador.
Lubbock fica situada numa região muito seca, cuja oferta
d'água fica na faixa de 300 a 400 mm de chuvas ao ano, onde
a
maior parte da agricultura depende de irrigação.
Mesmo
sendo uma região mais seca que o semi-árido
nordestino,
por exemplo, ali se desenvolve uma agricultura forte.
“Essa universidade tem grande interesse em atrair mais
estudantes
brasileiros. Gostaria de incentivar colegas da Embrapa e das
universidades brasileiras que tiverem oportunidade de fazer algum curso
de pós-graduação no exterior, por se
tratar de uma
excelente oportunidade tanto para a carreira profissional e
experiência pessoal, ajudando a entender melhor o mundo a
conviver com culturas diferentes”, finaliza Soares.