A vinda do presidente Lula à Paraíba, para uma
série de inaugurações, será
marcada
também por um acontecimento especial, que ocorre longe dos
holofotes que perseguem o ilustre visitante: o início da
colheita do algodão numa das regiões mais secas
do
país. O que mais chama atenção
é que os
principais atores deste cenário são
famílias de
agricultores familiares dos territórios do Cariri Paraibano,
favorecidos por uma política especial priorizada na
gestão do governo federal desde o início do
primeiro
mandato do presidente.
Esse ano são apenas 30 hectares colhidos, mas para as
próximas safras está sendo previsto o
beneficiando de
cerca de 300 unidades familiares, que se agregaram ao projeto
“Algodão em Consórcios
Agroecológicos”, desenvolvido pela Embrapa na
Paraíba. O projeto se estende pelos estados do Rio Grande do
Norte e Ceará. “A idéia é
desenvolver em
comunidades e assentamentos do semi-árido nordestino uma
experiência inovadora de expansão do cultivo de
algodão em consórcio
agroecológico”, diz o
pesquisador Melchior Batista.
A Embrapa Algodão pretende transferir aos agricultores
maneiras
de combinar, de forma equilibrada, a produção de
óleo vegetal para biodiesel a partir do caroço do
algodão, a ser comercializado nas usinas da Petrobras
situadas
no Rio Grande do Norte (Guamaré) e no Ceará
(Quixadá).
De forma agregada, os agricultores também obterão
pluma
orgânica de algodão a ser comercializada no
mercado
orgânico e comércio justo, nacionais e
internacionais.
Eles poderão ainda obter torta de algodão para a
alimentação animal e adubo orgânico, a
ser
aproveitada na própria comunidade.
O projeto prevê também a
geração de
renda a partir de outros cultivos com fins comerciais como o gergelim.
Com o consorciamento, será fortalecida ainda a
segurança
alimentar das famílias através de cultivos com
milho e
feijão. “A produção de
protetores naturais
como o nim; e a utilização de
“plantas-isca”
como o gergelim, para controle de pragas do algodoeiro, são
outras vantagens ambientais dessa experiência”, diz
o
pesquisador.
No Cariri paraibano os agricultores beneficiados se concentram nos
municípios de Sumé e Prata. “Outra
experiência semelhante a essa esta sendo vivida por
agricultores
familiares na região de Remígio, no agreste do
estado”, detalha Batista.