Uma
parceria inédita entre
Embrapa Algodão e Universidade Estadual da
Paraíba (UEPB)
está criando o Programa de
Pós-graduação em
Ciências Agrárias. O convênio,
encaminhado à
CAPES na semana passada, terá área de
concentração em agrobioenergias e agricultura
sustentável. O curso possui três linhas de
pesquisas:
Energias renováveis e biocombustíveis;
agricultura
familiar e sustentabilidade; Biotecnologia e
Produção
Vegetal.
"É uma associação do tipo ampla, com
responsabilidades compartidas entre instituições,
que
visa qualificar profissionais para atuar no ensino, na
pesquisa,
em consultoria, planejamento, execução e
avaliação de políticas
públicas voltadas na
área de ciências agrárias”,
diz o professor
Cidoval Morais, que elaborou a proposta em conjunto com
Napoleão
Beltrão, chefe geral da estatal do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento na Paraíba.
Para Beltrão, o convênio inaugura uma fase
evoluída
do conceito da universidade corporativa da Embrapa. “Esse
mestrado vai preencher uma lacuna no universo da
pós-graduação paraibana. A
idéia é
que nossos pesquisadores repassem o conhecimento para as novas
gerações de pesquisadores”, diz o
agrônomo e
executivo-mor da empresa pública de pesquisa situada em
Campina
Grande.
Morais explica que a UEPB, por sua tradição no
campo do
ensino de graduação e
pós-graduação,
é a instituição promotora e, como tal,
responsável pela gestão acadêmica do
programa.
“A Embrapa, como co-responsável, além
da
cessão de pesquisadores para a tarefa de ensino e
orientação, assegura assistência aos
discentes em
suas instalações e ambiência para a
pesquisa
laboratorial e de campo”, acrescenta.
Os idealizadores do programa dizem que o objetivo é oferecer
qualificação
técnico-científica em
nível de pós-graduação para
agrônomos, engenheiros agrícolas,
agroecólogos,
licenciados em Ciências Agrárias e outros
profissionais
graduados em áreas correlatas, com a finalidade de formar
recursos humanos habilitados para desenvolver, aprimorar e difundir
conhecimentos de pesquisas básicas e desenvolvimento
tecnológico, ensino e extensão na área
de
Ciências Agrárias, tendo como pano de fundo o
sistema de
produção de agrobioenergéticas e a
sustentabilidade da agricultura familiar no Nordeste brasileiro.
“O Mestrado em Ciências Agrárias
inclui-se no
propósito perseguido pela UEPB/Embrapa Algodão de
incrementar pesquisas, desenvolvimento tecnológico e sua
transferência para o semi-árido
brasileiro que
tenham como foco o estímulo na
produção de
biocombustível e o fortalecimento da agricultura
familiar”, diz Beltrão.
Os promotores da parceria observam ainda que a UEPB traz a
experiência pedagógica, fortemente
centrada no
ensino e na pesquisa acadêmica. Já a Embrapa,
é
focada na pesquisa tecnológica, formando a outra
banda,
que se une no sentido de oferecer um programa diferenciado, que tem
como preocupação a formação
de recursos
humanos com conhecimento no manejo agroecológico dos
ecossistemas regionais e locais, visando o desenvolvimento de
uma
agricultura sustentável.
Mercado
acadêmico
O Nordeste brasileiro tem hoje 15% dos grupos de pesquisas instalados
no País, segundo o último censo do CNPq. Nesse
contexto,
as Ciências Agrárias despontam como a quarta
grande
área de concentração de grupos e
produção
técnico-científica. A
pós-graduação na área de
Ciências
Agrárias, embora registre um acentuado crescimento e bons
indicadores de inovação, está distante
de dar
respostas às complexas questões do
desenvolvimento da
agricultura sustentável e, na outra ponta, atender a demanda
gerada pelos cursos de graduação em suas
diferentes
denominações (Agroecologia, Agronomia,
Agroenergia, etc).
São pouco mais de 20 cursos de mestrados recomendados pela
grande área Ciências Agrárias I e menos
de 10
cursos de Doutorado. Na Paraíba, há
pós-graduação Stricto sensu em
Engenharia
Agrícola e Recursos Florestais, na UFCG, e
Agronomia e
Manejo de Solo e Água, na UFPB. No Ceará, Rio
Grande do
Norte e Pernambuco há pelo menos um curso em
média, com
especificidades que não concorrem entre si. O MCA, portanto,
justifica-se também por sua especificidade.
“A sustentabilidade da atividade agropecuária
depende,
dentre outras questões, do uso racional dos recursos
naturais e
do controle da degradação ambiental. O manejo
adequado da
irrigação proporciona economia de
água,
conservação dos solos agrícolas e
aumento da
produtividade das culturas”, assinala um trecho da proposta
remetida à CAPES.
Napoleão Beltrão garante que o desenvolvimento de
pesquisas sobre culturas bioenergéticas adaptadas a
região, visando a produção de
biocombustíveis, tornará possível
à
melhoria na qualidade de vida de milhares de agricultores familiares,
com uma perspectiva de negócios atraente.
“Acrescente-se
que o gerenciamento dessas pesquisas visem o uso dos recursos naturais
de forma sustentável, proporcionando a
geração de
conhecimentos técnico-científicos
indispensáveis
para o desenvolvimento sustentável da região
semi-árida brasileira”, afirma o pesquisador.
Os responsáveis pela proposta dizem que o Programa de
Mestrado
em Ciências Agrárias busca contribuir na
formulação de políticas
públicas que
atendam a demanda bioenergética e de
produção de
alimentos, com uma visão sistêmica e de base
científica que assegure a sustentabilidade do ecossistema do
semi-árido nordestino. “A idéia
é que se
gerem pesquisas que relacione o vegetal, o clima e o meio ambiente com
os recursos energéticos, principalmente das fontes
renováveis de energia, como os vegetais produtores de
biocombustíveis, viáveis para
produção
agrícola familiar, especialmente por serem
renováveis e
não agressivos ao ambiente”, finaliza
Napoleão.
Redação: Dalmo
Oliveira - Jornalista (MTb/PB N.º 0598)