Apesar da seca deste ano, a comunidade rural Margarida Maria Alves,
localizada no município de Juarez Távora (PB), comemora a
boa safra de algodão colorido orgânico. Foram plantados 15
hectares, com uma produtividade de 1.500 quilos por hectare. Toda a
produção foi vendida para a indústria têxtil
local, a R$ 9,40 o quilo da pluma. As peças confeccionadas a
partir da fibra serão exportadas para países como
Alemanha, França, Estados Unidos, entre outros.
“Essa safra é muito importante, pois vai resolver o
problema de abastecimento da cadeia produtiva do algodão
colorido da Paraíba”, avalia o analista da Embrapa
Algodão, Waltemilton Cartaxo. Segundo ele, os agricultores
cultivam o algodão colorido orgânico como uma alternativa
para complementar a renda familiar. “Além do
algodão, os produtores do assentamento também plantam
culturas de subsistência como feijão, milho, fava,
macaxeira, entre outras”, afirma.
Criado em 1998, o assentamento Margarida Maria Alves conta atualmente
com 36 famílias, das quais 12 cultivam o algodão
colorido. Um ano após a sua criação, a comunidade
rural foi escolhida para a implantação do projeto piloto
Algodão e Cidadania, coordenado pelo COEP em parceria com a
Embrapa Algodão.
Conforme o analista da Embrapa Algodão, a proposta do projeto
era estimular o cultivo do algodão orgânico, com o
objetivo de inserir os produtores em um nicho de mercado
promissor. “A base para ampliar a renda dos agricultores
assentados se consolidou com a implantação de uma
miniusina descaroçadeira do algodão e uma prensa
enfardamento da fibra, constituindo-se assim, o primeiro núcleo
de produção verticalizada de algodão da
agricultura familiar do Brasil. Com isto, os agricultores beneficiam o
próprio algodão, separando a pluma do caroço,
agregando maior valor à pluma que é comercializada
diretamente na indústria, aumentando em até quatro vezes
o seu rendimento, em comparação com a venda convencional
do algodão em rama”, destaca Cartaxo.
A agricultora e tesoureira da associação dos produtores,
Margarida da Silva Alves, ou Dona Preta, como é conhecida pela
comunidade, lembra que um fator importante para a sustentabilidade do
projeto foi a capacitação para convivência com o
bicudo, principal praga do algodoeiro e responsável pela
decadência do algodão no Nordeste. “A Embrapa nos
trouxe muitos ensinamentos sobre o bicudo, como conviver com ele, como
combater, e isso foi muito importante porque a partir daí a
gente começou as capacitações, como plantar, como
saber se já está muito infestado, e a gente foi
aprendendo e, hoje, convivemos com o bicudo sem usar nenhum
agrotóxico”, afirma.
Histórico
Com uma população predominantemente rural e renda
média familiar inferior a um salário mínimo, o
município de Juarez Távora, na Paraíba, tem uma
economia baseada na agricultura, principalmente do algodão e
enfrentava diversos problemas como baixa produtividade, má
qualidade da fibra e rigorosas secas. O primeiro passo para viabilizar
a produção foi a capacitação dos
trabalhadores em novas tecnologias de cultivo, desde a
preparação do solo, escolha da semente adequada, controle
do bicudo, descaroçamento, prensagem e enfardamento. Com isso,
foi possível aumentar a qualidade da fibra, a produtividade e o
rendimento econômico da cultura.
Edna Santos - MTB-CE 01700
Embrapa Algodão
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