O grupo de pesquisadores da Embrapa formado para acompanhar e sugerir ações relacionadas ao controle da Helicoverpa armigera
- praga exótica que está provocando estragos no Brasil,
em plantações de algodão, soja e milho,
principalmente - esteve reunido em Brasília (DF), durante os
dias 12 e 13 de junho.
Durante a reunião, os pesquisadores trabalharam no texto das
Instruções Normativas (INs) do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) que
respaldarão os trabalhos de elaboração de um
programa nacional de controle da Helicoverpa
e da mosca branca, outra praga que, assim como a lagarta, traz danos
à agricultura e prejuízos significativos aos produtores.
O texto inicial das Instruções foi proposto pelo
próprio Mapa, segundo modelo usual, e encaminhado à
Embrapa para a inserção do conteúdo técnico
necessário.
A elaboração do programa nacional de controle das pragas
está a cargo de um Grupo de Trabalho (GT) criado pelo Mapa por
sugestão feita pela Embrapa em abril, quando a Empresa
apresentou ao Ministério o documento “Ações
Emergenciais propostas pela Embrapa para o manejo integrado de Helicoverpa spp” (link para o documento).
Esse GT conta com a participação de profissionais de
múltiplas disciplinas, de instituições
públicas e privadas, empresas e fundações de
pesquisa, universidades e representantes do setor produtivo. Entre seus
membros estão os pesquisadores, indicados pela
Diretoria-Executiva de Pesquisa e Desenvolvimento, Sérgio Abud,
da Embrapa Cerrados (Planaltina, GO), e Maria José Del Peloso,
da Embrapa Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás,
GO).
As propostas de alterações nas resoluções
normativas originais apresentadas pelo Mapa e trabalhadas pelos
pesquisadores estão sendo agora submetidas à
Diretoria-Executiva da Embrapa. Depois de aprovadas internamente,
serão levadas ao Ministério quando da próxima
reunião do GT, prevista para o dia 21 de junho.
MIP Operativo
Além das discussões em torno das instruções
normativas, da sua revisão e inserção de
conteúdo técnico, os pesquisadores reunidos detalharam as
ações previstas no documento “Ações
Emergenciais propostas pela Embrapa para o manejo integrado de Helicoverpa spp”.
Esse detalhamento – reunido em outro documento chamado pelo grupo
de MIP (Manejo Integrado de Pragas) Operativo – aprofunda as
estratégias de manejo, sugeridas no primeiro documento entregue
ao Mapa, necessárias para a implementação do
programa nacional de controle das pragas.
“Nosso grupo, formado por profissionais de várias Unidades
da Empresa, está extremamente unido e mobilizado, ciente da
necessidade de darmos respostas aos produtores e à
sociedade”, diz Paulo Galerani, assessor da Diretoria-Executiva
de Pesquisa e Desenvolvimento. Segundo ele, o grupo tem discutido de
forma bastante produtiva. “Foi assim em abril, quando foi
elaborado o documento sugerindo as ações emergenciais, e
foi assim na semana passada”, conclui.
Grupo Consultivo
Ainda durante a reunião dos dias 12 e 13 de junho, um Grupo
Consultivo da Embrapa foi formado. Esse novo grupo agregará e
atenderá todas as demandas institucionais referentes ao MIP
lagartas e mosca branca. É que as Unidades, desde o ano passado,
estão trabalhando junto aos produtores em ações de
controle a pragas. Mas a Embrapa quer, agora, que os atendimentos
às demandas ocorram de forma menos isolada. “O que estamos
fazendo agora é promover uma atuação organizada de
todas as Unidades, para trabalharmos institucionalmente, no Brasil
todo, nos moldes do que estamos fazendo com a ferrugem da soja”,
ressalta Galerani.
O Programa Nacional de Manejo de lagartas e mosca branca prevê a
formação de um outro Grupo consultivo envolvendo,
além dos profissionais da Embrapa, consultores de universidades
e de outros institutos, que participaram das primeiras reuniões
e que já estão em atividade no Oeste da Bahia, local de
alta incidência das pragas.
A preparação de palestras sobre MIP de lagartas, que inclui a Helicoverpa
e outras lagartas de importância econômica e de mosca
branca, a serem utilizadas em treinamentos em todo Brasil e a
criação de um hot site sobre MIP, no qual deverá
ser disponibilizado um sistema de alerta para acompanhar a
ocorrência das pragas em todo Brasil, nos moldes do sistema de
alerta da ferrugem da soja, em operação há
vários anos, também foram assuntos discutidos.
Sobre prejuízos
Dois bilhões de reais é o valor estimado de perdas e
custos de controle no Brasil nas últimas duas safras de
algodão, milho e soja provocados por lagartas especialmente do
gênero Helicoverpa. E uma dessas lagartas é a Helicoverpa armigera.
É uma praga exótica até pouco tempo sem registro
de ocorrência no Brasil e regulamentada como quarentenária
A1. Pragas quarentenárias A1, além de não
presentes no País, são consideradas de alto risco como
potenciais causadoras de importantes danos econômicos. Na
região do Cerrado, a ocorrência de lagartas do
gênero Helicoverpa foi
detectada em fevereiro de 2012 em níveis nunca antes
registrados. Os danos não se limitaram a soja, algodão e
milho. A praga também atingiu plantações de
feijão comum, caupi, milheto e sorgo.
A Helicoverpa armigera foi
identificada pela primeira vez pela equipe de pesquisadores da Embrapa
Cerrados, Silvana Moraes e Alexandre Specht, e da Embrapa Soja
(Londrina, PR), Daniel Ricardo Sosa-Gomez, em fevereiro de 2013. A
identificação da praga é muito importante por
permitir ações específicas de controle.
Em abril deste ano, uma equipe de 30 entomologistas da Embrapa
reuniu-se com representantes de produtores e instituições
ligadas ao setor produtivo. Foi quando elaboraram o documento
“Ações Emergenciais propostas pela Embrapa para o
manejo integrado de Helicoverpa spp”.,
entregue ao Mapa. Esse documento sugeria a formação do
GT, hoje instituído e incumbido de elaborar o programa nacional
de controle de lagartas e de mosca-branca.
Arranjo
Além das
ações realizadas em preparação ao Plano
Nacional do MAPA, o Diretor de P&D, Ladislau Martin Neto, autorizou
o grupo de especialistas organizarem um Arranjo de Projetos sobre
Lagartas e Mosca Branca a ser submetido ao Sistema Embrapa de
Gestão, visando incrementar atividades de pesquisas,
transferência de tecnologia e comunicação, para
enfrentar mais este desafio para a agricultura nacional. A proposta de
arranjo (instrumento de gestão da Embrapa que agrega projeto
sinérgicos) foi respaldada pelo Chefe do Departamento de
Pesquisa e Desenvolvimento (DPD), Celso Moretti, que também
esteve presente à reunião.
Texto: Marita Cardillo
Secretaria de Comunicação
Contato: marita.cardillo@embrapa.br
Colaboração (dados sobre prejuízos): Juliana Caldas