(Guarapari/ES, 18 de julho de 2012) Domínio tecnológico,
escala de produção e logística de transporte e
utilização são as três
condições básicas para que uma cultura se torne
matéria-prima para a produção de biodiesel. Com
essas palavras, o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola
iniciou as discussões sobre o pinhão-manso no I
Fórum Capixaba de Pinhão-manso, que aconteceu, 17 de
julho, em Guarapari/ES, em paralelo ao V Congresso Nacional de Mamona e
o II Simpósio Internacional de Culturas Oleaginosas.
Com relação ao domínio tecnológico, Laviola
apresentou o estágio de desenvolvimento das ações
do Projeto Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em
Pinhão-manso para Produção de Biodiesel –
BRJATROPHA - coordenado pela Embrapa Agroenergia, e com a
participação de 16 unidades da Empresa, 5 universidades e
1 empresa estadual de pesquisa, com apoio da Finep.
Ele destacou as ações de melhoramento genético,
desenvolvimento de sistema de produção,
introdução de materiais genéticos de outros
países, métodos biotecnológicos para
avaliação das diferenças entre os diversos
materiais existente no banco de germoplasma (BAG) e os trabalhos para
aproveitamento da torta para alimentação animal.
Laviola mostrou que, apesar haver pouca variabilidade genética
nos acessos do BAG, os resultados obtidos nas avaliações
anuais demonstram potencial com a produção de
grãos variando de 4 a 9000 Kg/ha, e de óleo de 1.500 a
3.500 Kg óleo/ha.
“Os experimentos conduzidos nas diferentes regiões
brasileiras estão permitindo reunir informações
para definir os sistemas de produção mais adequados.
Esperamos que este trabalho esteja concluído até
2015”, diz Laviola. Estas informações irão
dar subsídios aos governos e à iniciativa privada na
implantação das lavouras e das unidades produtivas.
Em relação à logística, Laviola comentou
que “diversos plantios de pinhão-manso foram abandonados
por ter sido implantados em regiões onde não havia
fábricas de biodiesel, o que inviabilizou a
utilização da matéria-prima.
Destoxificação da torta
Quanto ao aproveitamento dos subprodutos do pinhão-manso para
alimentação animal, estão em desenvolvimento
pesquisas para destoxificar a torta resultante do processo de
extração, que apresenta substâncias tóxicas,
entre elas a curcina e os ésteres de forbol, e outras que
provocam alergia, como as albuminas 2S.
A pesquisadora da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF),
Olga Machado.diz que os trabalhos iniciaram-se, em 2010, com isolamento
da toxina e dos alérgenos. “O uso da torta na
alimentação animal e o manuseio seguro da mesma
são dependentes de processos de inativação dessas
substâncias”, enfatiza a pesquisadora. Para validar estes
processos é necessário que existam métodos seguros
e sensíveis. “Já desenvolvemos um método
biológico para detectar a atividade da curcina e a resposta
provocada pelos alérgenos. Os testes são feitos
utilizando cultura de células”, explica.
“Agora que já descobrimos as substâncias que
provocam alergia estamos trabalhando para entender os mecanismos de
ação desses compostos e no futuro desenvolver cultivares
que não causem alergia”, reforça Olga Machado.
Pólo do pinhão-manso
O Espirito Santo foi o primeiro estado brasileiro a criar oficialmente
um programa de apoio ao pinhão-manso. Em 2011, instituiu o Polo
de Pinhão-manso com objetivo de dar sustentabilidade ao programa
de pesquisa e produção de culturas oleaginosas potenciais
para atender o Programa Nacional de Produção e Uso de
Biodiesel (PNPB). Além disso, explica o pesquisador do Incaper,
Márcio Adonis, pretende viabilizar a produção de
grãos, organizar as políticas públicas e
esforços privados e promover a diversificação
agrícola, gerando emprego e renda no campo e na cidade.
A previsão é que até 2014, sejam implantados 13
mil hectares com a cultura em 30 municípios onde será
produzida matéria-prima para alimentar uma usina de biodiesel.
Existe uma parceria entre o Incaper, Instituto Federal de
Educação do Espirito Santo (IFES), a Embrapa e o
Nòvabra na validação de tecnologias e
genótipos adaptados com a cultura para o Estado.
A Nòvabra, empresa de origem italiana, encontra-se em fase de
instalação em Colatina, na região central do
Estado, e já está incentivando o plantio de
pinhão-manso, com o fornecimento de sementes e assistência
técnica para uma ampla rede de produtores integrados. A
estimativa é de que a área de produtores assistidos por
essa empresa alcance cerca de 11.000 ha em 2014, o que
viabilizará o funcionamento da usina de biodiesel.
Os eventos são promovidos pela Embrapa Algodão, Embrapa
Agroenergia e Incaper com apoio do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDA), Banco do Nordeste,
Fundaçao de Apoio a Pesquisa do Espirito Santo, Senar e
Petrobrás Biocombustível. Mais informações
sobre os eventos no site www.cbmamona.com.br.
Serviço
V Congresso Brasileiro de Mamona
Período: 16 a 19/07/2012
Local: Sesc Centro de Turismo – Guarapari/ES
Site oficial: www.cbmamona.com.br
Jornalista responsável:
Daniela Garcia Collares (MTb/114/01 RR)
daniela.collares@embrapa.br