A
Embrapa
Algodão está desenvolvendo atividades com base na
novíssima técnica de Nanotecnologia aplicadas ao
algodão, principalmente na área de fibras. Por
meio do
Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o
Agronegócio, sediado na Embrapa
Instrumentação
Agropecuária, em São Carlos, o pesquisador da
unidade,
João Paulo Saraiva Morais iniciou, nos últimos
meses,
atividades de pesquisa com a fibra de algodão, em estudos de
caracterização tanto de fibras de diferentes
variedades
de algodão, quanto dos compósitos (materiais
híbridos, com características singulares,
provenientes da
união de dois diferentes materiais originais) produzidos a
partir dessas fibras.
“Na Embrapa Algodão iniciamos pesquisas relativas
a tratos
culturais, fibras e resíduos da cadeia produtiva. A
Nanotecnologia pode auxiliar na cadeia produtiva do algodão
desde o preparo da semente até à
indústria da
fiação. Na Embrapa Algodão, devemos
acelerar as
pesquisas tanto por meio de parcerias com outras unidades da Embrapa,
quanto com outros Centros de Pesquisa, como por exemplo as
Universidades, e com produtores e industriais. Acreditamos que a
Nanotecnologia tem muito a oferecer a todos os atores desta importante
cadeia produtiva”, comenta Saraiva.
O especialista diz que a Nanotecnologia é uma
ciência que
trabalha simultaneamente com diversas áreas, e que aumenta a
competitividade dos setores por meio da inovação.
“Dentre as vantagens que a Nanotecnologia pode trazer para o
algodão, podemos citar a redução de
custos, a
agregação de valor a materiais anteriormente
descartados,
a criação de novos mercados e o
lançamento de
produtos inovadores no mercado”, acrescenta.
Ele informa que a estatal, vinculada ao Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio do
Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o
Agronegócio, elaborou compósitos com fibras de
algodão para aplicações estruturais e
desenvolveu
polímeros que poderão ser aplicados às
fibras de
algodão, conferindo propriedades inovadoras. “Esta
área está em expansão no
país, com aumento
dos investimentos, ampliação da infra-estrutura
de
pesquisa e contratação de novos recursos humanos,
como,
por exemplo, tem ocorrido na Embrapa. Apesar de ser uma área
que
depende de alguns equipamentos caros e, por ser relativamente nova,
ainda haver carência de pessoal, a Nanotecnologia possui
diversos
procedimentos que podem ser realizados a baixo custo, e
também
estão ocorrendo novas
contratações”.
João Paulo diz que é importante salientar que,
apesar do
nome Nanotecnologia ser novo, e envolver equipamentos e materiais
desenvolvidos no final do século XX, a humanidade
já vem
trabalhando há séculos com materiais
nanoestruturados,
como, por exemplo, nanopartículas de ouro em vitrais de
catedrais européias. “Nas últimas
décadas,
houve um aceleramento na Ciência e na Tecnologia da
manipulação de átomos e
moléculas, com o
desenvolvimento de novos equipamentos. Há
análises que
não podem ser feitas sem esses aparelhos, mas eles podem ser
compartilhados por outros cientistas e por outras
análises”, observa o pesquisador da Embrapa
Algodão.
Segundo Saraiva, desde o final do século passado,
já
há investimento público na área de
Nanotecnologia,
inicialmente em semicondutores, e depois ampliada para outras
áreas de conhecimento. A maioria dos editais
lançados
elencam a Nanotecnologia como uma área
estratégica, tanto
por ela ser um auxílio ao progresso de outras
áreas,
quanto por ter potencial para o desenvolvimento relativamente
rápido de inovações
passíveis de
proteção. “A Embrapa, por meio de
editais
próprios, criou a Rede de Nanotecnologia Aplicada ao
Agronegócio, composta por 19 unidades da Embrapa e por 17
centros acadêmicos de excelência no
país.
No exterior, várias empresas investem no desenvolvimento de
tecidos inteligentes e fibras funcionais, como tecidos que controlam
odores indesejados, ou que sujam menos, ou mesmo que protegem as
pessoas que os vestem”, comenta. Segundo ele, no Brasil,
há empresas também que investem na
Nanotecnologia,
principalmente para o desenvolvimento de roupas funcionais, e a Embrapa
se faz presente para atender às demandas que lhe forem
apresentadas.