Tecnologias simples para o
descaroçamento do
algodão e áreas com apenas 0,6 hectares para o
cultivo
por agricultores familiares são os principais gargalos da
cotonicultura de Moçambique na atualidade. A
informação foi dada hoje pelo diretor adjunto do
Instituto do Algodão daquele país, o
agrônomo
Gabriel Paposseco, durante primeiro dia da visita técnica
que
realiza com outros representantes do governo moçambicano
à Embrapa Algodão, em Campina Grande (PB).
A comitiva africana permanece na
Paraíba
até a próxima sexta-feira, 26, cumprindo uma
série
de compromissos agendados pela equipe técnica da unidade da
empresas estatal especializada na pesquisa do algodão.
Amanhã, 25, Paposseco e outros três membros da
comitiva
internacional visitam experiências de campo que a Embrapa
desenvolve em parceria com ONGs em assentamentos da reforma
agrária na zona rural dos municípios de
Remígio e
Juarez Távora.
Nas duas ocasiões os
moçambicanos
irão conhecer de perto experiências exitosas com a
produção de algodão
agroecológico, que
dispensa o uso de adubos químicos e de pesticidas.
“Esse
é um modelo que poderá ser adotado facilmente no
país da África porque envolve basicamente um
modelo de
produção apoiado totalmente na agricultura
familiar, que
em Moçambique representa mais de 90% dos agricultores
envolvidos
na produção algodoeira”, diz o analista
Waltemilton
Cartaxo, que fez, no período da manhã, uma
rápida
explanação sobre o trabalho da Embrapa
Algodão
nessa área.
Na sexta-feira, 26, os visitantes
africanos visitam
a experiência da cooperativa Campal, na cidade de Patos (PB),
que
está incentivando os agricultores associados ao cultivo de
algodão colorido e orgânico.
Uma das primeiras tecnologias que chamou
a
atenção dos visitantes foi a mini-prensa
enfardadeira de
algodão desenvolvida pelo pesquisador Odilon Reny, da
Embrapa de
Campina Grande. Segundo Gabriel Paposseco, Moçambique tem
interesse especial por modelos de cultivo que levem em conta o uso de
tração animal para o preparo da terra.
Outro componente da comitiva
moçambicana,
Manuel Delgado, diretor de uma das principais empresas
cotonícolas da província de Niassa, no norte do
país, diz que a oportunidade de conhecer o modelo produtivo
brasileiro e a pesquisa agronômica pública com a
cultura
do algodão no Brasil significa a real possibilidade de
alavancar
a produtividade algodoeira moçambicana. “Se
resolvermos a
questão agrária, poderemos saltar imediatamente
para algo
em torno de 150 mil toneladas de algodão em
caroço”, comenta Delgado.
Moçambique produz hoje cerca
de 100 mil
toneladas de algodão, exportado quase em sua totalidade
porque a
indústria têxtil do país
está paralisada. Os
principais compradores do algodão moçambicano
são
países asiáticos, Portugal, Turquia e Brasil. O
país enfrenta ainda problemas climáticos de seca
na
região norte e enchentes no sul.
No turno da manhã desta
quarta-feira, 24, a
comitiva foi recebida pelo chefe adjunto de
Comunicação e
Negócios da Embrapa Algodão, Liv Soares. Em
seguida, no
auditório da unidade, eles assistiram à
exibição de vídeos institucionais e
técnicos e palestras dos especialistas da Embrapa, quando os
técnicos de Moçambique tomaram contato com outros
produtos trabalhados pela, a exemplo do sisal, amendoim, gergelim e
mamona. O pesquisador Odilon Reny fará uma breve
explanação sobre as mini-usinas de beneficiamento
de
algodão na produção familiar.
No período da tarde, o
pesquisador
José Janduí Soares fará uma palestra
especial para
os estrangeiros sobre “A Desigualdade
Social/Concentração de Renda”. Em
seguida
será a vez do pesquisador Melchior Naelson Batista falar da
experiência da Embrapa local com o algodão
agroecológico. Depois os visitantes conhecerão as
instalações e o trabalho nos
laboratórios de
fibras, de solos e de entomologia.
“A visita faz parte dos
convênios de
cooperação internacional que a Embrapa
mantém com
os países africanos de língua
portuguesa”,
diz chefe adjunto de Comunicação e
Negócios
da Embrapa na Paraíba.
Redação:
Dalmo Oliveira - Jornalista (MTb/PB N.º 0598)