O Brasil dominou a tecnologia de produção, tem
uma das
maiores áreas plantadas do mundo e chances de se tornar o
maior
fornecedor de mamona do planeta. A planta é
produtora de matéria-prima para um dos
mais nobres e
versáteis óleos da indústria e tem
potencial para
se tornar um dos pilares da matriz agro-energética
do
país. Para a Embrapa, entidade que há 22 anos
desenvolve
estudos com a oleaginosa em apreço , não restam
dúvidas sobre a viabilidade da mamona. O desafio
será
organizar a cadeia produtiva o quanto antes, para aproveitar as
oportunidades da conjuntura favorável dentro e fora do
país.
Este e outros temas serão tratados no III Congresso
Brasileiro
de Mamona, que a Embrapa e o Governo da Bahia/ Seagri
realizarão
em Salvador entre os dias 04 e 07 de agosto. A expectativa dos
organizadores é de que o evento, cujo tema é
“Energia e Ricinoquímica”
reúna em torno de
1000 participantes no Bahia Othon Palace Hotel.
Com uma área plantada de 154 mil hectares, o Brasil ocupa o
terceiro lugar no ranking mundial, precedido pela Índia, que
tem
850 mil hectares e logo atrás da China, detentora de uma
área de 150 mil hectares. Para Chefe Geral da
Embrapa
Algodão, Napoleão Beltrão, as chances
de o Brasil
se firmar como maior produtor mundial de mamona crescem a cada ano.
“A China e a Índia tendem a diminuir suas
áreas
pela necessidade urgente de produzir mais alimentos e pela
rápida expansão urbana, que avança
sobre as
plantações. Isso abre grandes possibilidades para
o
Brasil”, afirma , que tem clima e solos propícios
para o
cultivo sustentável este euforbiácea , em
especial no
semi-árido brasileiro, que tem cerca de 4
milhões
de hectares com condições de plantio da
mamona ,
com 80 % de probabilidade de sucesso , no zoneamento de risco
climático do MAPA .
O grande desafio para a viabilidade da mamona, segundo
Beltrão,
é organizar a cadeia produtiva. “Será
preciso uma
mudança cultural. Estamos falando de cerca de 120 mil
produtores
familiares que precisam aprender a atuar na economia de mercado. A
Embrapa já dominou a tecnologia, mas os governos
têm de
participar desse processo, ajudando na
capacitação dos
produtores e no fortalecimento da cadeia produtiva”, diz o
chefe
geral da Embrapa Algodão , que ministrará a
palestra
“A mamona no Brasil e no Mundo”, durante o III
Congresso
Brasileiro de Mamona.
Zoneamento
Dentro do Brasil, segundo a Embrapa, o Nordeste é a
região que pode tirar mais proveito da nova conjuntura para
a
oleaginosa. O Nordeste tem aproximadamente 4 milhões de
hectares
com o Zoneamento de Risco Climático para a mamona
como
foi colocado anteriormente , nos quais estão
localizados
180 municípios baianos. A Bahia representa 85% da
produção de mamona do Brasil , e
Ceará,
Piauí e o Norte de Minas Gerais dividem os 15% restantes.
“Se plantar na área zoneada, no tempo certo e com
as
variedades recomendadas pela Embrapa ou de outras entidades , desde que
dentro das recomendações do MAPA e registro no
Cadastro
de Cultivares , as chances de sucesso são de 80%”,
atesta
Napoleão Beltrão. Ele explica que os custos de
produção são da ordem de R$600 por
hectare no
primeiro ano. Como a cultura pode se perenizar por até
três anos, dependendo da cultivar e do ambiente , esse valor
se
dilui nas safras seguintes. Já a
remuneração
média é de R$0,80 por quilo, a depender da
época ,
alem do consorcio , em especial com o feijão , que
é
realizado pela maioria dos produtores e que representa uma renda
adicional dada por este tipo de sistema.
“O mercado de mamona tem muitos produtores e poucos
compradores,
o que faz com que estes últimos ditem os preços.
Se a
cadeia estiver organizada, esse problema tende a diminuir, e
só
o Programa Nacional do Biodiesel tem capacidade de absorver toda a
produção”, afirma.
A mamona, planta originária da Etiópia, chegou ao
Brasil
à época do descobrimento. Na colônia,
era usada na
lubrificação das engrenagens dos engenhos, dos
carros-de-bois, e, como até hoje, na
obtenção do
“ponto” da rapadura. Em 1936, o Instituto
Agronômico
de Campinas (IAC) deu início aos trabalhos de melhoramento
genéticos que resultaram hoje principalmente, nas variedades
comerciais IAC38, IAC80, IAC226, IAC Campinas, IAC Guarani, dentre
outras, e há cerca de 22 anos a Embrapa Algodão,
junto
com diversos parceiros, entre os quais a EBDA, vem trabalhando com a
mamona e já desenvolveu três cultivares de mamona,
a BRS
Nordestina, a BRS Paraguaçu e a BRS Energia, mais
recentemente, além de diversos passos
tecnológicos que
compõem os diversos sistemas de
produção que temos
hoje para a região Nordeste, tanto de isolado, quanto
consorciado, com amendoim, gergelim, feijão e outras
culturas.
III Congresso
Brasileiro de Mamona
REDAÇÃO:
Catarina Guedes - Assessora de comunicação