A cada dia que passa, aumenta a
competitividade do
óleo da mamona em relação aos seus
principais
concorrentes , como o da soja, por exemplo. É o que mostra
um
relatório feito pela consultoria internacional de
óleos
vegetais, Oil World, que apontou, recentemente, uma
aproximação nos preços dessas duas
matérias
primas no porto de Rotterdan (Holanda), onde a tonelada do
óleo
de mamona custa US$ 1.650 e o da soja US$ 1.550.
A política mundial de
preços de
biocombustíveis e a viabilidade crescente da
produção da mamona para fins
combustíveis
deverão se tornar temas centrais do 3º Congresso
Brasileiro
da Mamona, promovido pela Embrapa Algodão, Secretaria de
Agricultura da Bahia (SEAGRI) e parceiros no período de 4 a
7 de
agosto em Salvador (BA). “Por muito tempo se difundiu a
idéia de que o óleo da mamona seria
inviável para
produção de biodiesel por ter um
preço muito
acima da média das demais oleaginosas, mas hoje essa
realidade
mudou no mercado mundial e com o uso de tecnologia adequada no futuro o
óleo de mamona será até mais barato
que os
outros”, diz Liv Soares, especialista na
cultura.
No cenário mundial, o Brasil
já
é o terceiro maior produtor de mamona, com cerca de 170 mil
hectares cultivados, segundo os últimos dados da Conab.
China e
Índia lideram a lista dos maiores produtores mundiais da
oleaginosa. No entanto, o país produz hoje menos
de 70 mil
toneladas de óleo de mamona por ano, o que representa cerca
de
5% da demanda brasileira por biodiesel, que é de 1,2
milhão de toneladas por ano.
No dia 5 de agosto, uma mesa-redonda, no
referido
evento, vai discutir a utilização da mamoneira na
cadeia
produtiva do biodiesel e ricinoquímica. Entres os
palestrantes
estão confirmadas as presenças de Carlos Nagib
Khalil
(PETROBRAS), Pauletti Rocha (Brasilecodiesel), representantes das
indústrias de biocobustíveis, Adrian Hanzi (Bom
Brasil) e
Hilton Barbosa Lima (Comanche) representantes das indústrias
ricinoquímicas. “A idéia é
fazer com que os
principais representantes dessa cadeia produtiva e das empresas
ricinoquímicas discutam as possibilidades da mamona nesse
cenário econômico”, diz Odilon Reny,
coordenador-técnico do 3º CBM.
Liv Soares destaca ainda que a mamona
tem uma
vantagem competitiva para a produção de
biocombústiveis já que, diferente da soja e da
canola,
não compete diretamente com a produção
de
alimentos. “Atualmente essa é uma
questão
importante quando o assunto é a
produção dos
biocombustíveis”, pondera o pesquisador.
Além
disto, a alta mundial nos preços de alimentos tem
contribuição preponderante, já que,
dos
óleos utilizados para biocombustíveis, o de
mamona
é o único não comestível.
Com o aumento da demanda pelo castor oil
(como o
óleo de mamona é conhecido no mercado
internacional),
existe uma tendência no Brasil para que a agricultura de base
empresarial também comece a investir nesse cultivo em
áreas mais extensas.
A pesquisa feita pela Embrapa
tem apostado na
busca de variedades com melhor produtividade, precocidade e com teor e
qualidade de óleo superior aos das atuais cultivares. Na
unidade
de pesquisa da estatal em Campina Grande (PB), os pesquisadores buscam
também a obtenção de plantas com porte
baixo, mais
resistentes à seca e às doenças comuns
à
cultura.
É o caso da BRS Energia,
lançada em
2007 e desenvolvida em rede pela Embrapa Algodão, EBDA e
Emparn.
Tem porte baixo, em torno de 1,40m, ciclo entre 120 e 150 dias
e
frutos indeiscentes. As sementes pesam entre 0,40g e 0,53g com as cores
marrom e bege, contendo 48% de óleo. A produtividade
média experimental foi de 1.800 kg por hectare.
“Os testes
foram realizados nos Estados do Ceará, Sergipe, Alagoas, Rio
Grande do Norte e Bahia. A cultivar ainda está sendo
validada em
outras regiões do país e para colheita
mecanizada. O
descascamento das sementes só pode ser feito em
máquinas”, detalha a pesquisadora Máira
Milani,
responsável pela pesquisa que originou a BRS Energia.
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