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Robério destaca importância da pesquisa pública com iniciativa privada no discurso de abertura do 6º CBA

A recuperação da crise que atingiu a cotonicultura brasileira após a propagação do bicudo do algodoeiro e da abertura da economia para o exterior se deu, principalmente, via ocupação da fronteira dos cerrados do Mato Grosso, Goiás e Oeste baiano. Para isto se tornaram importantes as criações da Associação dos Produtores de Algodão- ABRAPA e de suas coligadas estaduais; do Fundo de Apoio à Cultura do Algodão- FACUAL, no MT;  do Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão de Goiás – FIALGO; do Fundo para o Desenvolvimento do Agronegócio do Algodão - FUNDEAGRO, na Bahia, e de fundações de apoio a pesquisa do algodão nestes estados. Foi muito importante, também, a proatividade da Embrapa Algodão que com suas pesquisas contribuiu para o aumento da competitividade da produção nacional, com a utilização de tecnologia compatível com a adotada nos principais países exportadores de fibra de algodão. Deve-se destacar que a parceria público privada que começou em 1997 no Mato Grosso e expandiu-se para Goiás e Bahia, foi de fundamental importância para o Brasil que deixou de ser o segundo maior importador de pluma de algodão, entre 1994 e 1997, para voltar a se posicionar entre os cinco maiores países exportadores e produtores a partir de 2004.

Utilizando-se dados do IBGE, de julho de 2007, verifica-se que os estados do Mato Grosso, Bahia e Goiás contribuem com 87% da produção de algodão brasileira em 2007, com uma produtividade média de 3.392kg/ha de algodão em caroço (1.291kg/ha de pluma). Não podemos deixar de mencionar que este é o maior nível de produtividade de algodão do mundo em área de sequeiro. Atualmente e diferente da época de crise no mercado brasileiro de algodão, pode-se afirmar que o algodão nacional é competitivo em termos de qualidade e de preço, o que explica a procura de novos mercados. A ABRAPA criou, anos atrás, o Programa Setorial Integrado para Promoção das Exportações do Algodão do Mato Grosso, cuja meta é aumentar as exportações de pluma de algodão, focando como destinos a América, Ásia e Europa, não se restringindo apenas aos países que estão entre os maiores compradores (Itália, Japão, Índia, Turquia, Portugal e Colômbia).

Como já afirmamos, o algodão produzido nos cerrados brasileiros é competitivo com o produzido no exterior. Resolvendo-se o problema interno de juros altos e o de utilização de subsídios em países produtores, como os Estados Unidos, o Brasil terá condições de aumentar ainda mais sua produção de algodão. O melhor exemplo para isto é a disponibilidade de áreas nos cerrados do Tocantins, Maranhão e Piauí, e o lançamento de uma política de recuperação da produção do algodão pelo governo de Minas Gerais, inclusive para a região de cerrado, passando-se a utilizar o modelo de fundo de apoio à pesquisa e criação de fundações de produtores adotado no Mato Grosso, Goiás e Bahia.
Não podemos esquecer, no entanto, que a conquista da nova fronteira do algodão nos cerrados teve um impacto econômico muito grande para um enorme contingente de cotonicultores dos estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Sul do Mato Grosso do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco, onde existem agricultores familiares que se dedicavam, ou ainda se dedicam, à produção de algodão, mas com nível tecnológico que não permite competição com aquele utilizado nos cerrados brasileiros.
O maior impacto ocorreu na região semi-árida do Nordeste, já que o algodão se constituía e ainda se constitui como principal alternativa na produção de sequeiro para geração de renda para o agricultor familiar. Para solução deste problema esforços necessitam serem incrementados entre os governos federal, estaduais e municipais e com a iniciativa privada. Um desses esforços já foi implementado, o direcionamento da produção de biodiesel para o Nordeste via mamona, para os agricultores familiares, com garantia de compra pela Petrobrás. Urgem alternativas para viabilizar a produção de algodão, incentivando-se a utilização de nichos de mercado para o algodão colorido e o algodão branco, como já vem ocorrendo no estado da Paraíba. A Embrapa Algodão já está com pesquisas em andamento visando a geração de cultivares de algodão branco com maior teor de óleo, o que viabilizará um novo produto para produção de biodiesel para os agricultores familiares.

O panorama industrial que desponta para a cultura do algodão no Brasil, em termos de tendência, é o da continuação da expansão da demanda de pluma. A Confederação Nacional das Indústrias/Comitê de Acompanhamento de Qualidade do Algodão Brasileiro estima que sua demanda se elevará 5,5% ao ano, chegando-se a um consumo industrial de 1milhão de toneladas de pluma.

Existe, pois, mercado para uma expansão da produção brasileira de algodão. Torna-se necessário que todos empresários que produzem algodão se conscientizem que ele é uma commodity e que a economia capitalista é movida por crises. Não se têm notícias, no entanto, que nenhuma destas crises tenha tirado do mercado, definitivamente, nenhuma commodity. As iniciativas tomadas pelos empresários e pelas instituições públicas e privadas sempre direcionam a produção para novo ciclo de crescimento. Na produção de algodão dos cerrados do Brasil uma maior estabilidade já começa a se deslumbrar com a adoção de inovações nos sistemas de produção que possibilitem redução nos custos de produção. Este é um dos desafios para todos nós envolvidos com a cadeia produtiva do algodão brasileira.   

Desejamos que este VI Congresso Brasileiro do Algodão tenha o sucesso que dele se espera e que ele contribua para o engrandecimento da cotonicultura nacional.

Uberlândia, 13 de agosto de 2007
Robério Ferreira dos Santos
Chefe Geral da Embrapa Algodão

 
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