Tecnologia
e assessoramento técnico da Embrapa
garantiu viabilidade de uma nova cadeia produtiva
Quando a Embrapa Algodão lançou no ano de 2000 a
primeira
variedade de algodão colorido (BRS 200 marrom), uma das
grande
promessas era a viabilização de uma cadeia
produtiva
diferenciada, cujo fator de agregação de valor
principal
era exatamente o apelo ambiental da nova tecnologia. Passados sete
anos, o agronegócio nordestino recebe a notícia
sobre a
primeira colheita da primeira safra comercial de algodão
colorido orgânico do País.
Numa área plantada de 5,5 hectares com a variedade BRS Rubi
e 8
hectares com a BRS Verde na Fazenda Santo Antônio, o produtor
Felipe Motta Benevides Gadelha prepara-se para realizar a colheita em
parceria com a Embrapa Algodão, a Cooperativa de
Produção Têxtil e Afins do
Algodão do Estado
da Paraíba (CoopNatural) e a
Associação de
Certificação Instituto Biodinâmico
(IBD). O plantio
está localizado no município de Bom Sucesso, no
sertão da Paraíba.
Pela estimativa do produtor e dos técnicos que
apóiam a
iniciativa, a produtividade média deve alcançar
1.800
quilos/hectare. Sem qualquer uso de defensivos (pesticidas) e adubos
químicos, Gadelha diz que a produtividade esperada
é satisfatória.
O pesquisador Luiz Paulo de Carvalho, da Embrapa Algodão,
afirma
que o mercado pode oferecer entre 30% a 40% a mais pelo
algodão
colorido, que tem um mercado limitado e poucas
indústrias
texteis trabalhando com o produto. Por ser também
orgânico. O algodão colorido paraibano pode
ampliar a
margem de lucro do produtor pioneiro.
Com a cadeia produtiva já previamente articulada, a
CoopNatural,
da empreendedora paraibana Maysa Gadelha (mãe de Felipe), se
compromete a adquirir 100% desta primeira safra. Ela conta que foram
plantadas cerca de 100 mil mudas/hectare nessa primeira fase.
Extensão do consórcio Natural Fashion, que
há anos
explora a confecção de produtos de
algodões
coloridos em Campina Grande (PB), a CoopNatural, hoje com 35
cooperados, foi criada com o intuito de unir empresas têxteis
e
de confecções de Campina
Grande.
Mario Lemos Medeiros, cotonicultor da região de Patos,
também no sertão da Paraíba, diz que a
atividade
é promissora, pois atende à demanda por se tratar
de
“produtos limpos”. Produzindo algodão
colorido
convencional há alguns anos, Medeiros, que é
presidente
da Cooperativa Agrícola Mista de Patos (Campal), deve ser o
próximo produtor de médio porte a aderir ao
cultivo
orgânico na região. A Campal reúne
cerca de 100
produtores de algodão colorido que cultivam de maneira
convencional, com uso de defensivos e adubação
química. Eles plantam cerca de 400 hectares com as
variedades
Rubi, Safira e Verde, todas desenvolvidas pela Embrapa
Algodão.
Marco Antonio Baldoni, gerente de projetos do IBD, diz que a
certificação do algodão colorido
orgânico da
Paraíba segue o padrão da International
Federation of
Organic Agriculture Movements (Ifoam) e atende à
legislação de produtos orgânicos da
Comunidade
Européia e dos Estados Unidos. Na
Paraíba, o IBD
acompanha toda a cadeia produtiva. O próximo passo
deverá
ser a obtenção da
certificação Ecosocial
IBD, que certifica especificamente a produção
ambiental,
social e comercial do empreendimento. Isso significa dizer que o
algodão orgânico plantado pelos paraibanos
não
ataca o ambiente e promove eqüidade social e
econômica entre
os agricultores envolvidos.