Cochonilha
foi detectada em algodoais no Vale do Piancó (PB).
Uma nova praga começa a preocupar pesquisadores e produtores
de
algodão na Paraíba: trata-se de uma
espécie de
cochonilha, cujo nome científico é Planococcus
minor. A
área com maior ocorrência da cochonilha
é o Vale do
Piancó. “A deficiência
hídrica e as altas
temperaturas, comum nesta região, favorecem o ataque do
inseto.
Nos locais em que a praga for detectada, as plantas atacadas devem ser
arrancadas e destruídas e deve-se evitar fazer o plantio do
algodoeiro próximo a outros hospedeiros”, alerta a
pesquisadora Cristina Schetino.
A cochonilha Planococcus é um pequeno inseto de formato
ovalado,
coloração rosada e o corpo recoberto com uma
espécie de cera branca e filamentos ao seu redor,
em
número variável. O inseto suga a seiva das
plantas,
enfraquecendo-as, e em grandes infestações,
causando o
seu definhamento e morte. Apesar da praga já vir atacando,
há um certo tempo, outras culturas como
café
só recentemente foi detectada no algodão.
“Diferentemente de outras pragas, o inseto ataca todas as
partes
da planta; haste, folha, caule, botão e, no caso do
algodão, é capaz de infestar as plantas mesmo
quando os
capulhos já se encontram abertos”, detalha a
especialista
da Embrapa Algodão.
A maioria das espécies de Planococcus reproduzem-se
sexuadamente
apesar da reprodução assexuada por
partenogênese
poder ocorrer. As fêmeas de P. minor produzem entre 65 a 425
ovos
dependendo do hospedeiro e levam entre 31 a 50 dias para completar uma
geração. “Alguns estudos desenvolvidos
em outros
países demonstram que P. minor pode completar até
10
gerações por ano, algo que fornece uma
visão do
potencial causador de injúria do inseto”, comenta
Cristina.
O inseto suga continuamente a seiva da planta. O excesso da seiva
é um líquido adocicado, eliminado em forma de
gotículas. A pesquisadora explica que esse
líquido
eliminado atrai formigas que acabam atuando como dispersoras das
cochonilhas para outras plantas e protegendo suas colônias da
ação de inimigos naturais. “Este
líquido
açucarado com o passar do tempo e com o ataque das
cochonilhas
já consolidado, possibilita ainda o desenvolvimento de um
fungo,
não patogênico, que torna as estruturas infestadas
enegrecidas. Caso essas estruturas sejam, por exemplo, a
superfície foliar, o fungo a cobrirá totalmente,
deixando-a negra, o que acarretará
redução da
capacidade fotossintética da folha. Caso o fungo ocorra
sobre a
fibra, esta se torna enegrecida e tem sua qualidade
depreciada”,
acrescenta a pesquisadora.
Como esta espécie só foi detectada recentemente,
ainda
não se conhece nenhum produto registrado que possa ser
utilizado
para o seu controle. A cochonilha é considerada uma praga de
alto potencial de impacto ambiental em países como os
Estados
Unidos, sendo incluída na lista do Global Pest and Disease
Database.
“Sua ocorrência generalizada no
território nacional
poderá levar a imposição de
restrições ao comércio estabelecido
com este e com
outros países. Em vista desta
situação, e
considerando a grande habilidade de dispersão do inseto,
faz-se
necessário buscar, em caráter emergencial,
alternativas
para convívio com a praga”, finaliza.