O biodiesel é um combustível alternativo que vem
sendo
desenvolvido a partir de plantas oleaginosas como a mamona e o
pinhão manso. Atualmente, as espécies
são as mais
estudadas e divulgadas pelo Programa Brasileiro de Biodiesel, isso
graças à grande potencialidade que apresentam
para
produção de óleo no
semi-árido nordestino.
Com a divulgação recente do relatório
da ONU sobre
o aquecimento global, a questão do biodiesel se tornou
o
tema principal de debates a cerca das possíveis alternativas
para solucionar o problema, isso porque o biocombustível
produzido a partir das culturas, é uma alternativa menos
poluente para o meio ambiente e isso contribuirá a longo
prazo
para amenizar o aquecimento global.
Para o pesquisador da Embrapa Algodão, Liv Soares Severino,
o
Programa Brasileiro do Biodiesel está sendo feito tanto por
uma
vertente ambiental quanto pela econômica, porém
não
se sabe qual a mais importante “ A gente sabe que nenhum
produto
consegue ser viável se for somente da parte
ambiental”,
comentou Liv, que ainda argumenta: ”No Brasil não
existe
essa cultura de preservação do meio ambiente,
algo que
é de grande relevância em países
europeus, onde o
biodiesel já é consumido em larga escala. Pela
vertente
ambiental a grande vantagem é que todo o
combustível
é renovável. Pelo lado econômico
há grandes
vantagens: a primeira é que o biodiesel não
é como
os combustíveis derivados do petróleo que
concentram os
lucros em poucos e pequenos grupos, enquanto o biodiesel
possibilitará uma melhor distribuição
financeira, por ser um produto agrícola que
facilita a
inclusão do pequeno agricultor nesse mercado,
tendo assim
um importante papel social. Outro destaque é que com o
biodiesel
o Brasil poderá gerar divisas porque, embora o
país seja
auto-suficiente em petróleo, o petróleo produzido
aqui
não é o ideal para a
produção de diesel,
então ainda tem que se importar 30% do diesel que
consumimos.
Com o biodiesel podemos suprir essa carência”.
O biodiesel também tem uma grande importância
social, pois
pode se tornar uma alternativa para a agricultura familiar.
“A
mamona é mais tolerante a seca, ou seja, que mesmo com pouca
água a planta consegue produzir. Outro fator importante para
a
agricultura familiar é que a demanda para o biodiesel
é
infinita, para qualquer quantidade produzida haverá mercado
para
vender e assim não há o perigo dos
preços
caírem demais devido a grande oferta, tornado-se
então
uma cultura rentável que cobrirá todos os custos
de
produção, tais como: fertilizantes, preparo do
solo e
mão-de-obra para plantar, colher e descascar”
afirma Liv.
O biodiesel é obtido através da
transesterificação, que é a
transformação do óleo em
combustível.
Muitos afirmam que é uma reação que
pode
até ser feita em casa, porém deve-se evitar esse
tipo de
produção, pois foi estabelecida uma qualidade
mínima para o biodiesel. Os motores atuais são
muito
exigentes, para se produzir é necessário um
profissional
qualificado para fazer o processo e controlar a qualidade.
Há culturas oleaginosas diversas como o girassol,
dendê,
mamona e mais recentemente o pinhão manso, sendo que esta
última ainda está em fase de estudos. Dentre
essas
culturas a que melhor se adapta a região
semi-árida
é a mamona. “Futuramente quando mais
tecnologias
sobre o pinhão manso forem desenvolvidas, talvez a planta se
torne uma boa alternativa para o semi-árido. Mas que isso
não se torne uma disputa entre o pinhão e a
mamona, e que
essa disputa não seja alimentada, pois cada uma
contém
suas potencialidades, particularidades, desvantagens e o mercado do
biodiesel é infinito” enfatiza o pesquisador. A
mamona
é por enquanto a principal cultura no semi-árido
para o
biodiesel, pois para a mamona já há
melhoramento
genético, mais estudos relacionados a doenças e
pragas,
existe também um mercado consumidor estabelecido, embora
pequeno
mas já é algo de grande importância
para uma nova
cultura, enquanto que o pinhão manso ainda é uma
planta
não domesticada, não se sabe qual a melhor forma
de
cultivo, não existe melhoramento
genético,
não se sabe o espaçamento necessário,
como se faz
a colheita, a poda, o quanto produz, quanto custa para produzir,
não se sabe absolutamente nada, por isso é
arriscado se
plantar grandes áreas de pinhão manso. As
pesquisas com a
oleaginosa só poderão ser concluídas
entre 5 e 10
anos que é o tempo necessário para que o
Pinhão
Manso comece a produzir, então o agricultor que plantar
grandes
áreas corre o risco de perder sua
produção devido
a pragas e doenças já identificadas, a colheita
é
muito cara, e assim o produtor ficará desamparado
se esses
problemas ocorrerem.
Redação:
Carlos Alberto Domingos (Estagiário)
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