Na perspectiva de ampliar o conhecimento a respeito da mamona e do
pinhão manso, os pesquisadores da Embrapa Algodão
Liv
Soares e Márcia Barreto de Medeiros Nóbrega,
acompanhados
do pesquisador da EPAMIG Nívio Poubel e da
técnica da
Petrobras Maitê Torres Jauregui Eguia, viajaram à
Índia em fevereiro para conhecer as técnicas de
produção e cultivo dessas culturas, visto que o
país é um dos maiores responsáveis
pela
produção de mamona e pinhão manso no
mundo. O
objetivo foi visitar institutos de pesquisa e universidades para manter
contato com suas equipes, conhecer as linhas de pesquisa, tecnologias e
detalhes utilizados na produção e no
funcionamento da
cadeia produtiva, além de estabelecer contatos comerciais.
O pinhão manso é uma planta geneticamente
próxima
à mamona, originária do Brasil e
América Central,
e está sendo apresentada como uma importante alternativa
para o
fornecimento de óleo vegetal como matéria prima
para
fabricação do biodiesel. Apesar de no Brasil
estarem
sendo desenvolvidos estudos ao seu respeito desde a década
de
80, ainda se conhece pouco sobre o seu cultivo e cadeia produtiva.
Os pesquisadores chegaram à cidade de Delhi, na
Índia, no
dia 11 e no dia 13 visitaram a “Plataforma Nacional de
Desenvolvimento de Sementes Oleaginosas e Óleos
Vegetais”.
No dia 15, seguiram até Palanpur, onde fica a sede da
Universidade Sardar Krushinagar Dantiwada, para a
apresentação dos trabalhos com mamona
desenvolvidos na
Universidade e na Embrapa Algodão. No dia 16, visitaram uma
indústria de extração do
óleo de mamona e o
mercado de comercialização de produtos
agrícolas
em Palanpur. No dia 17, conheceram a Faculdade de Tecnologia de
Processamento de Alimentos e Bioenergia na cidade de Anand, onde
está instalada uma pequena usina de
produção de
biodiesel produzido a partir de pinhão manso. Do dia 18 ao
20,
participaram do IV Seminário Internacional de Sementes de
Mamona, Óleo de Mamona e seus Produtos de Valor Agregado. No
dia
21, visitaram o Instituto Nacional de Nutrição
Animal e
Fisiologia, que trabalha com destoxicação de
torta de
mamona. No dia 22, visitaram a Secretaria de Agricultura do Estado de
Tamil Nadu. No dia 23, conheceram os escritórios das
empresas
MGR Biodiesel e LOCO Works, responsáveis pela
operação das ferrovias na Índia e, em
seguida,
visitaram uma exposição de tecnologias onde se
encontrava
uma mini-usina de biodiesel de pinhão manso.
Durante a visita à Faculdade de Tecnologia de Processamento
de
Alimentos e Bioenergia, os pesquisadores conheceram uma mini-usina para
a produção de biodiesel a partir de
pinhão manso,
com capacidade para processar cerca de 300 litros/dia. Os brasileiros
receberam uma breve apresentação sobre o projeto
e a
planta piloto de produção do biodiesel, mas
não
foi permitido tirar fotos ou coletar uma amostra do biodiesel
produzido, e nem obtiveram maiores detalhes sobre a
especificação do combustível. O fato
que chamou a
atenção foi que, mesmo com usinas produzindo o
biodiesel
de pinhão manso, no país não existem
grandes
plantios da oleaginosa como imaginado; ainda não
há
cultivares desenvolvidas e as pesquisas que estão sendo
conduzidas só apresentarão resultados
satisfatórios daqui a pelo menos cinco anos.
Já em relação à mamona, os
pesquisadores
encontraram um sistema de produção bem
estabelecido, com
sementes híbridas de alta qualidade genética,
adaptadas e
resistentes às principais doenças locais. Os
produtores
possuem nível educacional elevado e são muito
receptivos
a novas tecnologias. Produzir mamona na Índia é
barato,
devido ao baixo custo da mão-de-obra utilizada. A estrutura
de
comercialização é eficiente,
permitindo um contato
próximo entre a indústria e o produtor, com baixa
presença de atravessadores e um sistema rigoroso de
fiscalização que dificulta a
produção de
sementes piratas. Os produtores dispõem de excelentes
estradas e
mercados de comercialização a poucos
quilômetros do
plantio.
Como ponto fraco, tem-se a baixa capacidade de agregar valor ao
óleo, pois historicamente os indianos têm foco no
mercado
de óleo e não no de seus derivados. Mas isso
já
tem sido objeto de discussão no país, de acordo
com os
pesquisadores brasileiros. “No Seminário do qual
participamos, não se discutiam problemas rudimentares, mas
temas
avançados, como a questão de agregar valor ao
óleo, o desenvolvimento de novos produtos na
indústria
química e o fortalecimento de um mercado de futuros que
auxilie
na diminuição da volatilidade dos
preços”,
relatam.
Outro ponto que chamou a atenção de nossos
pesquisadores
foi o quanto os indianos estão atentos ao Programa de
Biodiesel
Brasileiro: pessoas e instituições vêm
acompanhando
o desenvolvimento do nosso programa e elaborando
prognósticos.
“A viagem foi proveitosa pelo aprendizado obtido em poucos
dias,
pelos contatos feitos com pessoas e instituições
e pelas
observações realizadas nas diversas
visitas”,
finaliza a equipe brasileira.
Redação:
André da Costa Pinto (Estagiário)
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